quarta-feira, 14 de março de 2012

"O essencial é invisível aos olhos"

Conheci Houdou em 2008 num chat evangélico, como disse em postagem anterior. Eu tinha posto na minha mensagem de apresentação que "queria conhecer homens de Deus". Minha intenção, claro, era de conhecer homens no sentido bíblico da palavra, mas, surgiu aquela interrogação na cabeça de Houdou: _ Você só quer conhecer 'homens' de Deus?_Claro que não, quero conhecer homens e mulheres, pessoas que amem a palavra de Deus! Senti um "Ufa!" saindo da tela do computador, depois dessa resposta.
Nesse dia, falamos de "tout et de rien" (que horas são aí? como uma brasileira fala francês, a língua do Brasil é português, não? Faz frio ou calor?...) e, ao final da nossa conversa, ele pediu meu endereço msn. Relutei. Não queria mais um homem adicionado aos meus contatos, pois alguns já estavam me fazendo perder a paciência. Falei que meu msn estava com problemas e dei meu endereço gmail como prêmio de consolação (que horrível! Mas, foi a sensação que tive. Achei que já era demais da conta). Ah, acabei de lembrar que ainda não contei o melhor da história. Não nos apresentamos oficialmente. Não sabíamos o nome um do outro, apenas os pseudônimos utilizados no site. O que foi essencial para a concretização da nossa relação.
Antes de conhecer Houdou, eu tinha conhecido um canadense, africano de origem (acho que meu pezinho já estava na África). Estávamos conversando e percebemos que tínhamos muita afinidade. Por outro lado, Houdou começou a me escrever...(Vou ter que fazer uma pausa aqui e me ater especialmente a este ponto que explica o título desta postagem).

  
O essencial é invisível aos olhos
2007 e 2008 foram anos muito conturbados pra mim e pra minha família. Atravessamos momentos muito difíceis. Existem anos assim. Você só espera que eles acabem depressa pra ver se a situação vai mudar. Foi em meio a essas crises que Houdou começou a me escrever. Eu nem lembrava do pseudônimo que ele havia utilizado no site e como ele sempre assinava (SEFANDE) seu sobrenome, e aprendemos na aula de francês que nomes femininos terminam com "E", não hesitei. Chamei mamãe  e disse:

_ Mamãe, vem ver que mensagem linda que recebi de uma amiga!


Quando terminei de traduzir a mensagem pra ela, estávamos as duas chorando.

Cada vez que recebia uma mensagem "da minha amiga", meu coração se enchia de esperança. Essas mensagens nunca voltavam vazias. Elas sempre produziam efeito em mim e, consequentemente, naqueles para quem eu as lia. Apenas alguém que conhece Deus de perto poderia ter tanta sensibilidade para dizer coisas tão profundas e mudar as lágrimas de alguém em sorriso.

Aquela amiga me escreveu durante alguns meses, antes que eu respondesse a um de seus e-mails. Não sei o porquê da minha demora, talvez, fosse pelo estado de contemplação em que me encontrava. Como alguém que nunca me viu e que estava tão longe poderia entender tão bem o que eu estava sentindo, se eu nunca tinha falado da minha vida para essa pessoa? Muitos podem chamar de coincidência, de telepatia, eu chamo isso de COMUNHÃO. Só posso explicar tal fato com argumentos subjacentes à minha fé. O mesmo Espírito habita em nós dois e, simplesmente, esse Espírito me consolava, através das palavras dessa pessoa querida.

No primeiro dia do ano de 2009, recebi outra mensagem muito especial, que me tocou como todas as outras, mas, dessa vez, minha atitude foi diferente. Resolvi escrever agradecendo pelas palavras de conforto que havia recebido no decorrer do ano que tinha acabado. Minhas palavras foram, mais ou menos, estas:

  
Minha querida,


Obrigada pelas palavras que você me deu em 2008. Deus te usou grandemente e já  começou a te utilizar em 2009...
   
Ao ler minha resposta, ele percebeu a confusão que eu havia feito e escreveu uma linda mensagem me agradecendo por tudo e ao final assinou: seu irmão em Cristo, Houdou. Foi tão sutil, tão doce, tão diferente do que eu esperava... Desfiz-me em desculpas pela confusão e tudo mais. Ele entendeu.Não é de surpreender que, alguns dias depois, ao nos encontrarmos novamente no chat, eu tenha dado pra ele meu endereço msn.

Eu já conhecia aquela alma. De alguém que era capaz de escrever coisas tão doces não poderia sair algo vergonhoso, nem violento, que me fizesse arrepender-me de estar em contato com essa pessoa. Não importava mais se era homem ou mulher, branco ou negro, rico ou pobre, bonito ou feio...O essencial eu já conhecia e era esse essencial que me fazia apegar-me cada vez mais a ele e esquecer enfim o canadense do início da história.

Quando buscamos o que é efêmero, não conseguimos solidificar nossos relacionamentos. Porém, quando percebemos além do exterior, quando temos a sensibilidade de entender a alma do outro, podemos estar certos de que essa pessoa não é mais um número na nossa lista de contatos. É alguém que veio pra ficar em nossas vidas e pra mudar algo que existe em nós, buscando sempre o nosso crescimento.

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